A busca do sentido
C.G. Jung escreveu sobre o sentido de viver com muito aprofundamento e um estudo da psique e do ser diante das dificuldades da vida. Em filosofia vemos que sentido trata-se de um questionamento acerca do propósito e significado da existência humana no relacionamento com o mundo.
Para responder estas constantes perguntas que fazemos a nós mesmo, a Psicologia Analítica de C.G. Jung fala sobre facetas de relacionamentos contidos em nossa personalidade. A Persona para o relacionamento com o mundo que representa a nossa aparência e papéis que cumprimos (mãe, pai, profissional, amigo, filho, político, sacerdote, etc.). Ela exige de nós constante adaptação e ainda corremos o risco de sermos esmagados pelas obrigações que contraímos no mundo. Muitas vezes vivemos de acordo a atender ao trabalho, profissão, carreira, família, casamento, religião, ás aparências, nossa imagem sempre impecável aos outros. Estamos sempre correndo atrás de nossos deveres e atendendo ás expectativas alheia, isso gera muito estresse.
No entanto, para o Eu há o relacionamento com seu interior que deveria estar equilibrado com o relacionamento com o exterior. E estar sempre observando essas interações em busca de autoconhecimento.
Nossa consciência, ou o Eu no mundo, está constantemente decidindo em nossas vidas. Mas o relacionamento com o interior tem que ser levado em conta: as nossas fragilidades, partes negativas,magoadas, traumas, sentimentos negativos, pessimismo, convicções, motivações, ou a Sombra. Assim, nas exigências da Persona e fragilidades da Sombra podemos ter uma visão mais completa de nós mesmos.
Uma vez que nossa imagem no mundo é tão importante acabamos por reprimir a Sombra. Em consequência temos-a inflada, revoltada e cheia de insatisfações e fragilidades. Quando ela avoluma solta seus gases fedorentos por todos os lados ou explode soltando o lixo interno por todos o lados, causando um grande estrago em nossa vida pessoal. Por isso mantemos a Sombra bem guardada e oculta em nós mesmos e dos outros, pois toda a vez que for tocada, vai doer feito uma ferida em carne viva e podemos reagir de todas as formas possíveis. Conhecer este lado oculto amplia o conhecimento de nós mesmos. O não reconhecimento da Sombra em nós atrai destino, e enquanto não mudamos, continuamos atraindo os mesmos eventos negativos que repudiamos formando um círculo vicioso: atraímos negatividades, e respondemos á elas de forma negativa. O que implica num péssimo modo de viver.
A vida exterior está sempre apresentando-nos oportunidades de decidir. Estes eventos exteriores e predisposições internas trazem incapacidade de decisões refletidas, causam impasses em nosso interior, conflitos, indecisões e dúvidas.
Há em nossa vida muitas possibilidades de fracasso, de dúvida, e através deixar-nos ser levados pela Sombra, ou inconsciente trazem grandes confusões com todas suas complicações. Diante da vida, o autoconhecimento nos leva a melhores escolhas internas e externas. No entanto, entrar num processo de transformação, de cura é responsabilidade nossa. Através da Sombra, destruirmos a nós mesmo, a nossa persona, as nossas relações pessoais. Qualquer sucumbe diante com a Sombra, não importa as melhores convicções, intenções e certezas de nós mesmo,ela tende passar uma rasteira quanto mais nos engrandecemos, e nos auto-sabotar.
Por outro lado estamos completamente assistidos neste trabalho, se conectando com nossa parte superior, o Self. Este trabalho faz consonância com o nosso Self, o centralizador psicológico. Sabemos que não queremos sofrimentos, conflitos todo este trabalho vai fazer a consciência assimilar o inconsciente e integrá-lo ao Self. E integrar à totalidade de nossa personalidade forma equilibrada e tornando mais harmônica.
A questão do livre arbítrio de nossas escolhas ficam dominadas pelo fascínio da Sombra e por isso a necessidade de nos libertar. Libertando-nos destes aspectos sombrios, podemos falar de escolhas responsáveis, criatividade, ânimo, energia, de força da vontade e de percorrer uma vida com sentido. O verdadeiro sentido nasce após estas contínuas renovações. Depois de ter descartado o velho e doente em nós, as antigas convicções, a velha vida podemos então falar de maior liberdade, de cura, salvação e felicidade.De uma libertação do sentido de nossa vida, de uma vida que faz sentido.
Jung fala-nos sobre a dualidade do Bem e Mal e dos conflitos interiores que nos remete o Eu e a Sombra.A Sombra, representando o mal em nós é apenas o rejeitado o irreconhecido pelo Eu, no entanto, trava-se um conflito no ser.O Eu e essas tendências da Sombra que não queremos em nós e que nos causam mal forma uma verdadeira luta de opostos, conflito este, ás vezes, sem solução.
O Todo em nós, o Self se empenha numa evolução maior, e uma consciência mais elevada. Essa transformação faz parte do reconhecimento da Sombra. O Self sempre trabalha neste sentido das tomadas de consciência, que vai assimilando através do eu neste caminho. Do desconhecido fazer conhecido ou do inconsciente fazer consciente.Ele transformando a personalidade e todas as suas partes integrando-as, tornando mais completa, perfectível e harmônica. Toda esta transformação leva-nos a estar constantemente deparando com o nosso sentido de viver, buscando sentido no não-sentido. E um despertar para um sentido Maior de nossa existência.
Aprofundando contínuo nesta análise podemos nos deparar com nossa parcialidade, convicções incompletas, nossas dúvidas e as certezas transformarem em incertezas onde não cabe decisão possível, se torna um conflito anímico de difícil solução. É exatamente o momento em que no meio do Caos podemos esperar uma implantação de uma Nova Ordem, por um Terceiro Termo. Nem mesmo a personalidade pode resistir a este conflito por muito tempo. É o momento que podemos esperar por uma solução diferente do Eu, mas do Self, desta totalidade de nossa personalidade, do Centralizador psicológico. Em suma, é quando o Eu tem que se submeter a uma instância superior e de ordenamento. E esperar por uma solução numa entrega total deste conflito para ao Self. É quando é exigido do Eu um sacrifício. E a partir deste ponto se encaminha para um processo misterioso de união dos opostos, uma cura vinda desta poderosa deste ponto central, o Self. Então poderemos ver um realinhamento de toda nossa personalidade, uma estruturação no meio da desestruturação, um novo renascer de nossas forças, uma verdadeira organização psicológica.
E nossa vida enche-se de sentido, tudo ganha um novo significado, e o significado de nossa existência aos poucos aclarado. Este sentido alimenta as forças para continuar à busca de mais sentido. Sentido que se faz o Maior Sentido.
Escrito por: Cristina Kague
Formação: Licenciatura em Artes e
Pós-Graduada em Licenciatura em Filosofia.
Atividade: Professora
Contato: sitesimples76@bol.com.br